A formação de professores e os “grupos de estudo”

Os desafios sociais, metodológicos, tecnológicos e de construção de futuro que as escolas (incluindo aqui as escolas agrupadas e não agrupadas) atualmente enfrentam, levam-nos a dizer que o Plano de Formação de cada escola deve ser considerado uma ferramenta estratégica ao serviço do Projeto Educativo, da sua Missão e das aprendizagens dos alunos. É um pilar fundamental, incontornável, da Visão que temos para uma escola que pretende preparar alunos para um futuro que se apresenta cheio de desafios, sustentando a preparação do corpo docente para essa caminhada. Nesse sentido, a clara definição pelo Conselho Pedagógico (de cada escola) das áreas de formação que considera prioritárias (como é o caso das áreas de avaliação para as aprendizagens e da capacitação digital docente - mas sem se reduzir a estas), auxiliará o corpo docente a tomar as melhores decisões no momento da criação dos seus planos de desenvolvimento e formação individuais pois, cada professor, como ator principal da mudança que se pretende, poderá então alinhar os seus interesses pessoais com os interesses da organização escolar a que pertence.
 
Seria interessante que as direções das escolas fomentassem e apoiassem a criação de “grupos de estudo”, mistos ou por departamento, que pretendessem frequentar a mesma área de formação (presencial ou on-line), dando início a um sistema interno de mútuo apoio para a conclusão das formações que o seu corpo docente entende necessitar. De facto, estudos indicam (ver relatório sobre as experiências de 8 países que implementaram grupos de estudo em European Gateway Teacher Academy em 2019) que esta é uma boa estratégia para se apoiar a formação de professores, capaz de promover a autorregulação de todos no cumprimento das atividades a desenvolver e a reflexão alargada sobre as leituras recomendadas permitindo, mais importante ainda, a transferência das aprendizagens efetuadas para as práticas diárias de sala de aula.
 
Entendendo a “profissionalidade” como o processo de desenvolvimento das competências específicas necessárias ao exercício de uma profissão, o papel dos professores desenvolve-se abraçando o conceito de “aprendizagem ao longo da vida” e, dessa forma, na procura constante da atualização dos seus conhecimentos, metodologias e ferramentas. Nesse sentido, a aprendizagem não acontece apenas “durante” as sessões de formação. Por exemplo, no âmbito da Capacitação Digital Docente, essas oficinas não se destinam “especificamente” à abordagem e exploração de ferramentas digitais com vista ao seu completo domínio por parte dos formandos. Naturalmente que isso poderá acontecer num ou noutro caso, mas é impossível para a miríade de ferramentas que existem. Assim, terá de haver um envolvimento e implicação de cada formando na exploração complementar de ferramentas digitais, plataformas e Apps. Por outro lado, de forma abrangente, é objetivo destas oficinas refletir com os formandos sobre as diversas dimensões do DigCompEdu, explorando-o a diferentes níveis e com atividades que evoluem do domínio pessoal (micro – nível 1) para o nível de turma e processos pedagógicos (meso – nível 2) até ao nível de políticas de escola/agrupamento (macro – nível 3).  
 
É responsabilidade dos professores que frequentam os cursos, oficinas e demais modalidades de formação, a colaboração para a leitura dos materiais, reflexão e troca de ideias que permitam tornar “comum” o entendimento dos diferentes conceitos abordados. Desta forma, pretende-se que as competências adquiridas se materializem em ações: simplificando, as competências são o conhecimento em ação, pois é na ação que se materializa o impacto da formação e não apenas na conclusão, com sucesso, das formações frequentadas.
 
Assim, dos cursos que o seu Centro de Formação disponibiliza, dos cursos (muitos deles gratuitos) das comunidades de partilha, ensino e aprendizagem a que pertence (como o Microsoft Learn | Microsoft Docs ou a plataforma Cursos - NAU - Sempre a Aprender), verifique aqueles que mais se adequam ao plano de formação da escola e/ou que definiu para si, crie o(s) seu(s) próprio(s) “grupo de estudo” e participe, com a certeza de que o impacto da formação e o prazer de aprender são potenciados quando se aprende em conjunto.
 

A formação de professores e os “grupos de estudo”